Agora começamos a compreender o que o Novo Testamento está sempre falando. Ele fala que os cristãos “nascem de novo”; que eles “se revestem de Cristo”. E fala sobre Cristo “sendo formado em nós”; sobre chegarmos a ter a “mente de Cristo”.
Tire de vez da sua cabeça a ideia de que essas expressões não passam de um modo extravagante de dizer que os cristãos devem ler o que Cristo disse e tentar colocar em prática — da mesma forma como se pode ler o que Platão ou Marx disseram e tentar colocar em prática. É muito mais do que isso. O que essas expressões estão dizendo é que uma pessoa real, Cristo, aqui e agora, naquele mesmo quarto em que você estava orando, realiza coisas em você.
Não se trata apenas de um homem bom que morreu há dois mil anos. Trata-se de um homem vivo, tão homem quanto você e, ao mesmo tempo, tão Deus quanto era quando criou o mundo — que vem de verdade e interfere no mais íntimo do seu ser. Ele mata seu velho eu natural e substitui pelo tipo de eu que ele é. No começo, dura apenas alguns instantes. Mais tarde, abarca períodos maiores. Finalmente, se tudo for bem, acaba transformando-o permanentemente num ser totalmente diferente: num novo pequeno Cristo, um ser que, a seu modo, tem o mesmo tipo de vida que Deus, e que compartilha do seu poder, da sua alegria, do seu conhecimento e da sua eternidade.
>> Retirado de Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato.