O ser humano foi feito para viver em coletividade, e isso é tão verdade que, quando não temos ninguém ao nosso lado, nos sentimos solitários. Porém, atualmente, interagimos demasiadamente nas redes sociais e deixamos, por vezes, de buscar relacionamentos pessoais. O que, atrelado à supervalorização das conquistas materiais, acarreta em fazer com que nos dediquemos muito ao trabalho causa em nós uma sensação de que estamos sozinhos em meio à multidão.
Nesse cenário de solidão imposto pela vida moderna, muitos encontram-se desmotivados em vários aspectos. Seja na área intelectual, emocional ou espiritual, o descontentamento é notório e preocupante. Resistência em se “abrir” para o amor, desconfiança do outro, medo de experiências ruins, descrença na Palavra de Deus, dentre outros, são fatores que atualmente têm prendido e feito com que as pessoas sintam-se cada vez mais sozinhas. Diante dessa realidade, vejo na canção de Marcos Almeida a oração mais sincera que alguém pode fazer a Deus em dias de solidão:
“Desaprendi a ouvir o som da Tua boca, Eterno
Quis segurar no que eu fiz
Me revirei no passado
Não sei cantar, vem me ensinar agora
Não sei calar, deixa eu Te ouvir agora
Desaprendi a encarar a solitude da alma
No abandono o pavor, a insustentável fraqueza
Não sei ficar, ficar sozinho agora
Eu tenho você, mas o meu medo estraga
O medo estraga, o medo e mais nada
O medo se vai quando
Ouço a voz do alto me dizer
Sê valente, sê valente!
Ouço a voz do alto a me dizer
Sê valente, sê valente” (Sê Valente, Marcos Almeida)
Essa canção soa como oração sincera, porque o eu lírico parece fazer uma confissão de seus erros a Deus, uma vez que reconhece as causas que provocaram o seu estado de ruína, ao apontar que o não ouvir a voz de Deus, a autossuficiência e o retorno ao passado, na primeira estrofe, são atitudes que precisam ser revistas; e que a adoração e o calar-se para a compreensão da vontade de Deus são coisas que precisam ser aprendidas.
Na segunda estrofe, surgem mais confissões, e são exatamente dessas que estamos tratando, as causas que provocam a solidão. E, nesse sentido, logo no início dessa segunda parte, é citado o desaprender a encarar a solitude da alma, o que é a causa primeira do sentir-se sozinho; e o pavor sentido no abandono, a insustentável fraqueza e o medo de estar só são consequências disso. Desse modo, é suficiente encarar a solitude da alma para que se ponha fim nas mazelas que são desencadeadas quando essa atitude não é tomada.
O encarar essa solitude requer atitudes corajosas, que incluem, por exemplo, o reconhecimento de que só em Deus podemos ser preenchidos por completo. Nesse sentido aprendemos muito com Jesus, pois Ele sempre investia tempo a sós com o Pai. Nas Escrituras vemos isso demais, a exemplo do que está registrado em Lucas 5.16 e 6.12, por isso o nosso Salvador estava sempre cheio de Deus e agregava sobremaneira ao Reino.
Agindo assim, mesmo estando sozinhos, nós não iremos nos sentir solitários, pois estaremos sempre bem servidos da companhia do Criador e aproveitaremos esses momentos para pensar em como sermos pessoas melhores, planejar o nosso futuro, repensar atitudes, contemplar a beleza da criação e sermos motivados pelas promessas de Deus para as nossas vidas. Mas vale reiterar que fomos feitos para viver em coletividade, e a convivência sadia com os nossos semelhantes é muito importante para não nos sentirmos solitários. Logo, esse critério deve ser somado ao reconhecimento de que só em Deus podemos ser preenchidos por completo, pois, devido às questões da pessoalidade, que são cruciais à nossa sobrevivência, vão existir necessidades que só poderão ser supridas com a ajuda do outro.
Então, aprenda a encarar a solitude da alma e seja feliz. Graça e Paz!
:: Wilkyson de Oliveira