“Deixo-vos a paz, a minha paz nos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27).
Jesus está no Cenáculo, junto com seus discípulos, na antessala de seu martírio. Longe de estar perplexo e intimidado pelos atrozes sofrimentos que deverá enfrentar, está acalmando o coração de seus discípulos. Uma das promessas mais consoladoras que Jesus ministra a eles é esta: “deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”.
A paz é um estado de alma, quando desfrutamos plena confiança em Deus, mesmo em meio às turbulências mais ruidosas da vida. A paz não é ausência de tempestade; é o senso da presença protetora de Deus em meio à tempestade. Num mundo marcado pela guerra, ferido pelo ódio e encharcado de aflição, nós podemos experimentar a paz de Deus, que excede todo o entendimento. Em vez de vivermos estrangulados pela ansiedade, podemos ser protegidos pela paz. A paz de Deus é a sentinela que guarda a nossa mente e o nosso coração, a nossa razão e os nossos sentimentos.
A paz de Deus é diferente da paz com Deus. Esta fala de um relacionamento certo com Deus; aquela, de um sentimento de descanso em virtude desse relacionamento. A paz com Deus é a causa, e a paz de Deus é o resultado. A paz de Deus substitui a ansiedade, quando nas turbulências da vida, deixamos de olhar para as circunstâncias para adorarmos a Deus por quem ele é e rendermos graças a ele pelo que ele faz. Adoração, petição e gratidão são os remédios divinos para a ansiedade, e a paz de Deus é a cura que invade a nossa mente e o nosso coração. Você, portanto, não precisa viver atormentado; pode experimentar agora mesmo a paz de Deus, que excede todo o entendimento. É dessa paz que Jesus está falando com seus discípulos, na mesma noite em que foi traído por Judas Iscariotes. Foi na mesma noite em que enfrentaria a mais renhida das batalhas, uma batalha de sangrento suor no jardim do Getsêmani; a noite em que Pedro, covardemente o negaria, enquanto sofria cusparadas, açoites e escárnios nas mãos do sinédrio judaico. Naquela noite seus discípulos se dispersariam e Jesus seria sentenciado à morte pelo crime de blasfêmia. Oh, o pastor ferido, está consolando as ovelhas! Oh, o nosso glorioso Redentor está deixando para nós, a sua paz.
Essa paz é diametralmente oposta à paz que o mundo dá. A paz que o mundo oferece é uma trégua que sacrifica a verdade, esconde a justiça e aliança-se com o pecado. A paz que o mundo dá é um arremedo de paz. Mas, a paz que Cristo dá é verdadeira. Ela nos coloca num relacionamento certo com Deus, com o próximo e com nós mesmos. Essa paz não é costurada nos bastidores ensombrecidos da iniquidade, mas foi selada na cruz do Calvário. É a paz que coloca os nossos pés no caminho da santidade. É a paz que nos leva a amar até mesmo os nossos inimigos. É a paz que aquieta a nossa alma até mesmo nos vales mais escuros da vida. É a paz que reina em nós, mesmo quando o nosso corpo está sendo surrado pela enfermidade. Esta paz não nos abandona nem mesmo quando cruzamos o vale da sombra da morte. A paz que Cristo dá é a paz que triunfa sobre o medo, vence nossas angústias e nos equipa para vivermos vitoriosamente todos os dias da nossa vida.
Você já conhece essa paz? Está tudo bem com sua alma? Há descanso em sua mente? Há refrigério em seu coração? Você já foi reconciliado com Deus e já desfruta, portanto, da paz com Deus? Você já tem sido inundado com as consolações divinas e, por isso, já tem bebido dessa fonte inexaurível da paz de Deus?
Rev. Hernandes Dias Lopes