O Brasil está de luto. As nações olham para o nosso povo com olhar de compaixão. Todos choram com os mineiros. O número de mortos não para de crescer, e a esperança de encontrar sobreviventes já se esvaneceu.
Dos diversos comentários que ouvimos nas ruas, um deles é uníssono: por que de novo? Há três anos, Minas Gerais viveu a mesma história com o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Diante da tragédia, a iniciativa dos parlamentares mineiros não foi outra, senão, a de descobrir os responsáveis e, principalmente, rever a legislação vigente. Onde estavam as lacunas da lei? O que poderia ser modificado para que não experimentássemos, outra vez, o gosto amargo da lama que contaminou nossas águas e ceifou a vida de nossos conterrâneos?
Na Assembléia Legislativa de Minas Gerais e na Câmara dos deputados foi criada uma comissão extraordinária com o único objetivo de estudar o caso. Quantos de nós sabíamos disso? Quantos foram atrás dos deputados para cobrar um posicionamento? Nesses locais residem as muitas respostas que precisamos. Lá é o hospital que possui os remédios e os equipamentos necessários para prevenir desastres como estes. É para lá que devemos voltar os nossos olhos. A nossa cidadania tanto do ponto de vista legal, quanto do ponto de vista bíblico, nos imputa essa responsabilidade. O voto é o “ponta pé” inicial desse dever.
A Bíblia diz em Deuteronômio 1 que o povo de Israel deveria escolher como governante pessoas sábias, criteriosas e experientes. Para além disso, o versículo 17 também adverte: ninguém deve ser discriminado em juízo; o correto é ouvir tanto o pequeno quanto o grande. Escolher pessoas preparadas é fundamental. Mas os resultados desse trabalho também devem ser fiscalizados de modo que nem o grande nem o pequeno sejam preteridos em razão de sua condição, a fim de que a justiça prevaleça sempre. Para que isso seja realidade é indispensável que conheçamos o que tramita nas casas legislativas sobre o assunto. Assim, podemos avaliar com propriedade o que deve ser repensado para que catástrofes como estas jamais aconteçam novamente. E, se percebermos alguma falha, é nosso dever cobrar das autoridades.
Em Genesis 1.29 Deus dá a Adão todas as plantas que nascem e produzem sementes e todas as árvores que dão fruto. Entregou também o domínio sobre os animais e todos os vegetais como fonte de sustento. Assim, Deus concedeu ao homem não só a graça, mas a grande responsabilidade de cuidar da terra. Isso implica tirar o sustento dela e, igualmente, preservá-la como bom mordomo, pois a natureza é a expressão do amor e do cuidado de Deus.
Portanto reflitamos na Palavra sobre o tema e provoquemos nossas autoridades a realizar todas as modificações legais necessárias, para que a terra seja cultivada de maneira responsável e sustentável; e que nunca mais desastres como estes, que assolam o país e destroem sonhos, se repitam em função de irregularidades travestidas de legalidade.
:: Flávia Raíssa Said [Grupo de Ação política – GAP]