A insanidade em nome de Deus e o Evangelho

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O mundo assiste, pasmo, o crescimento do terrorismo, desde que o Taleban, liderado por Osama Ben Laden, usou aeronaves americanas para atingir as torres gêmeas em New York e o Pentágono em Washington, no dia 11 de setembro de 2001. De lá para cá, o terrorismo tem crescido, através da multiplicação de pequenos e médios atentados, e isso, em várias partes do mundo, vem ceifando centenas de vidas. Carros bombas explodem, matando centenas de pessoas, deixando outras feridas e mutiladas. Em alguns países do Oriente Médio, África e até mesmo na Europa, essas barbáries têm sido frequentes. Homens, mulheres e até crianças, acreditando estar agradando a Deus, amarram bombas em seu corpo e se explodem para matar inocentes à sua volta. Metrôs, ônibus, carros, praças, prédios, boates, restaurantes, igrejas têm sido alvo desses perversos ataques.

Mas por que as pessoas chegam a esse grau de insanidade? Por que se perde o amor pela vida e ainda atenta contra a vida do próximo? De onde procede esse ódio tão insano? Qual a gênese dessa prática tão vil? Certamente, da maldade que jaz no próprio coração, pois é dele que procedem os homicídios. Outrossim, por inspiração do próprio diabo, que é assassino e veio para roubar, matar e destruir. Ainda, por uma religiosidade divorciada da verdade, que cega as pessoas com suas heresias e, em vez de ser agente do bem, transforma-se em operadora do mal. Quando a religião está rendida à cegueira, ela se torna protagonista da opressão e da truculência. Sua aceitação não se dá pelo convencimento, mas pela ameaça e pelo medo. Faz-se discípulos, não pela mensagem do amor, mas pela catequese do ódio. Sua bandeira deixa de ser a promoção da vida, para ser o agenciador da morte.

Não há insanidade mais perigosa do que a insanidade em nome de Deus. Não há religiosidade mais nociva do que aquela que descaracteriza o ser humano e faz dele uma ameaça para o próximo em vez de transformá-lo em servidor do próximo. Guerras, opressão, violência, injustiça e terrorismo são subprodutos desse descalabro religioso. A terra está bêbada de sangue por causa dessa fé, que, embora seja zelosa, é completamente desprovida de entendimento.

É nesse território de ateísmo de um lado e truculência religiosa do outro que somos chamados a pregar o Evangelho da graça. É nesse mundo rendido à apostasia de um lado e pelo hedonismo imoral do outro é que somos convocados a pregar a mensagem salvadora em Cristo Jesus. É nesse mundo que jaz no maligno, entregue às paixões infames, que somos conclamados a viver de modo digno de Deus. É nessa sociedade plural, prisioneira da ditadura do relativismo, que se diz aberta a tudo e a todos, mas hermeticamente fechada à verdade, é que somos desafiados a pregar a Cristo, como o único Salvador e Senhor. É nesse contexto, onde aparecem muitas religiões, seitas e atalhos para o homem reconciliar-se Deus, é que somos chamados a pregar Cristo, e este crucificado, o novo e vivo caminho para Deus.

A evangelização dos povos é nossa missão. Essa é uma tarefa imperativa. Jesus antes de retornar ao céu, de onde veio, para nos salvar, deixou-nos ordem expressa: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Essa ordem não é para ser discutida, mas obedecida. O campo é o mundo. Devemos fazer discípulos de todas as nações e testemunhar de Cristo até aos confins da terra. Mas a evangelização é, outrossim, uma tarefa intransferível. Essa ordem não foi dada aos reis nem aos poderosos deste século, mas à Igreja. O método de Deus para alcançar o mundo é a Igreja. Ele não tem outro método. Se nos calarmos, Ele cobrará o sangue dos ímpios de nossas mãos. Vale ressaltar, também, que a evangelização é uma tarefa impostergável. Hoje é o dia. Amanhã pode ser tarde demais. Hoje, os portais da graça estão abertos, amanhã o julgamento divino será inevitável.

:: Hernandes Dias Lopes

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