Você já reparou como muitas vezes nos preocupamos de maneira exagerada com nossa aparência ou desempenho? Essa preocupação pode acontecer com qualquer pessoa, de forma consciente ou não. Esse sentimento se torna tão maléfico, que acaba se estendendo até mesmo para o ambiente da igreja. Ex: irmão (ã) cantando na igreja mostrando suas habilidades vocais ou até mesmo pessoas que acham que adoração acontece somente quando elas estão dentro da igreja. Mas o curioso disso tudo é que, quando nos voltamos para a Bíblia e buscamos estudar sobre o que é louvor e adoração, encontramos vários textos que dizem o contrário, como, por exemplo, Jeremias 7.1-15. Nesse texto, a palavra ‘adoração’ significava inclinar-se ou prostrar-se. A expressão ‘adorar’ nesse texto é tão importante que aparece três vezes nos versículos 2, 6, 9 e 12. Por isso, diante de tamanha explicação sobre a adoração, quero trazer algumas implicações que irão nos ensinar sobre a adoração como estilo de vida e como Deus deseja que nos portemos diante das pessoas.
A primeira implicação que chama atenção é que a adoração traz mudança de vida. Nos versos 3 a 5, Deus usa Jeremias para dizer ao povo para endireitar os seus caminhos, ou seja, “mudem de Vida”. Deus diz que, se eles mudarem, Ele irá morar com eles no templo. As palavras no versiculo 4 “este é o Templo do Senhor”, em si, eram verdadeiras. O problema era que elas levavam a uma falsa segurança, pois as pessoas pensavam que o Templo funcionaria como um tipo de amuleto, ou seja, Deus nunca permitiria que Seu Templo fosse destruído, e devido a isso eles achavam que não receberiam consequências, mesmo pecando, por causa do templo. O desejo claro de Deus nessa primeira parte do texto era mostrar que a prática da adoração em nossa vida deve ser estendida para nosso comportamento. O propósito do nosso Senhor é que não vivamos uma vida na igreja e outra fora da dela.
A segunda aplicação que podemos trazer sobre a adoração como estilo de vida é que ela traz o abandono da injustiça e idolatria. Percebe-se claramente que o profeta Jeremias diz, nos versos 5b a 10, que o povo de Israel estava prejudicando, exercendo força e estorquindo algumas pessoas. Alguns chegaram ao ponto de ficar tão alcoolizados que mataram pessoas. Deus estava farto dessas abominações do Seu povo.
Isso também nos ensina que a busca pela presença de Deus traz mudanças significativas em nossa vida. A adoração é o encontro do Criador com a criatura. Quando adoramos a Deus de verdade, as mentiras da nossa vida vão caindo. E atitudes como: prejudicar o outro em benefício próprio, murmurar falando mal da igreja, do pastor, das autoridades; furar fila, pegar um troco desonesto, agir com trapaça, tratar mal o próximo; idolatrar dinheiro, bens, status, tv ou internet; vão sendo abandonadas.
E, por fim, Jeremias 7.11-15 nos ensina que a adoração não é lugar de proteção. Novamente, o profeta Jeremias é usado por Deus para transmitir uma mensagem bem clara para o povo: Deus não vai livrar o Seu povo do mal por causa do templo. O povo de Israel estava achando que, enquanto eles estivessem no templo (lugar de adoração), estariam seguros de todo mal, mesmo que estivessem pecando contra Deus. Portanto o templo, um lugar na presença de Deus e onde as pessoas adoravam ao Senhor, se tornou um lugar de falsa de proteção. A religiosidade e o sentimento de proteção é que faziam o povo de Israel ir até o templo, e não a busca pela presença de Deus.
Mais uma vez, Jeremias nos ensina algo: a adoração não deve ser um culto divorciado da vida cotidiana, pois isso não agrada a Deus. Culto sem conexão com a vida diária é entretenimento espiritual. O apóstolo Paulo diz que o culto racional não é apenas um tempo de cântico que temos na igreja, mas a oferta do nosso corpo a Deus na dinâmica da vida (Romanos 12.1). O profeta denunciou o perigo de uma reforma externa sem uma transformação interna e da falsa confiança no templo, no culto e na liturgia.
Ao refletir nessa mensagem, não há como chegar à outra conclusão senão esta: a adoração não está vinculada somente ao culto ou participação do mesmo, mas a uma vida de total mudança e entrega a Deus. E, como consequência dessa atitude, o (a) adorador (a) não terá preocupação com a aparência em relação ao outro, mas, sim, em prestar uma adoração a Deus como deve ser feita, que é com sua própria vida.
:: Pr. Bruno Bacelar [Site No Papo Cabeça]