Coração batendo mais forte, desespero e até suor na hora de falar em público? Esse medo não se manifesta somente diante de grandes plateias, mas muitas vezes também em meio a um grupo, para fazer uma pergunta numa aula ou simplesmente emitir sua opinião numa conversa entre amigos.
O cérebro humano é realmente fascinante e é capaz de fazer coisas fantásticas, mas, ao mesmo tempo, nele ocorrem fenômenos inconscientes que podem controlar a psique e asfixiar o prazer de viver, e também contrair a criatividade. As fobias representam alguns desses fenômenos, como o medo do escuro, de falar em público, de lugares fechados, medo do que os outros podem pensar de nós, medo do novo.
Uma fobia é uma aversão irracional a determinado objeto ou situação, que geralmente causa pânico, tensão e ansiedade. No caso específico do medo de falar em público, reagimos institivamente, e milhões de pensamentos começam a surgir descontroladamente, como “E se eu esquecer o que preciso falar?” “E se ninguém gostar do que eu disser?” “E se eu não souber me expressar?”. Existe algo em comum a todos esses pensamentos: o medo de ser rejeitado. Esse é um medo básico de todo ser humano, mesmo que em diferentes níveis, e deriva do pensamento ou sentimento de não sermos suficientes. Bons o suficiente, inteligentes o suficiente, descolados o suficiente. Mas ao que estamos nos comparando? Quem definiu esses padrões?
Quando encontramos em nossa mente janelas traumáticas, ou seja, memórias de situações desagradáveis (vividas por nós mesmos ou até imaginadas), corremos um sério risco de experimentar a Síndrome do Circuito Fechado da Memória e ficarmos presos no ciclo do medo, que nos impede de raciocinar. O grande desafio do homem é construir janelas saudáveis, pensamentos fortalecedores, que nos auxiliem nesses momentos.
Quem já fez tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico sabe que superar conflitos não é um processo rápido como uma cirurgia. Mas não estamos de mãos atadas! Podemos sempre reciclar e reeditar as janelas traumáticas, mas isso exige técnicas para o Eu se equipar como autor da própria história, e principalmente, a prática diária dessas técnicas.
Imagine uma pessoa com marcante medo de falar em público, que decide virar a mesa e debater suas ideias destemidamente. Seu comportamento está correto, mas, se for isolado, formará apenas janelas solitárias. Dias depois, quando enfrentar uma nova plateia, quando atravessar um novo foco de tensão, terá grande chance de não conseguir encontrar, em meio a dezenas de milhares de janelas, aquela que despertou sua coragem. Mas terá grande chance de encontrar as inumeráveis janelas traumáticas que despertavam sua insegurança, seu medo de falhar e sua preocupação excessiva com sua imagem social.
Para superar essa situação, todos os dias essa pessoa deve criticar e reciclar seus medos e suas preocupações. A humanidade tem percebido que não adianta ter os conhecimentos e habilidades necessários para gerenciar o mundo de fora se, primeiro, não aprendermos a gerenciar o mundo de dentro. E, para isso, devemos ter em mente que não há fórmulas mágicas, a palavra de ordem da gestão da emoção é a educação, o treinamento constante e o exercício contínuo.