“E, vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão filhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente” (Mt 21.19).
Jesus já havia subido a Jerusalém para a festa da páscoa. Estava mergulhado na sombra da cruz. Era sua última semana, antes de ser preso, julgado, condenado e pregado na cruz. Jesus saíra de Jerusalém para pernoitar em Betânia e logo de manhã estava de volta à cidade que o aclamara e à cidade que, liderada pelos sacerdotes, reivindicaria sua morte. Cedo de manhã, ao voltar para Jerusalém, teve fome. Nesse momento, ele vê uma figueira à beira do caminho. Aproxima-se dela, mas não encontrou nenhum fruto, apenas folhas. Jesus, então, pronuncia seu juízo à figueira. Aquela que, fazendo propaganda de frutos, deles estava desprovida, foi sentenciada a ficar sem frutos. Imediatamente a figueira secou. Que lições podemos aprender com esse episódio?
Em primeiro lugar, folhas sem frutos são aparências que enganam. Na figueira, as folhas vêm depois dos frutos. Se a figueira tinha folhas, logo, anunciava ter frutos. Mas sua aparência era enganosa. Assim, também, muitas pessoas parecem ser espirituais. Estão estrategicamente posicionadas à beira do caminho. Chamam a atenção para seu porte, para sua linda roupagem, para sua atrativa aparência. Estão revestidos de folhas, mas desprovidas de frutos. Fazem propaganda de frutos, mas só têm folhas. Sua vida é uma mentira. Seu discurso é um engano. Sua espiritualidade é uma farsa.
Em segundo lugar, folhas sem frutos são propaganda que decepcionam. A figueira primeiro produz frutos e depois brotam as folhas. As folhas protegem os frutos, mas não são um substituto deles. Os frutos vêm antes das folhas. Folhas sem frutos são propaganda enganosa. Consumada hipocrisia. Discurso sem vida. Espiritualidade falaciosa. Jesus estava com fome. A figueira, por ter folhas, fazia propaganda de seus frutos. Mas, ao examiná-la, Jesus não encontra nela frutos. Aquela figueira era uma decepção.
Em terceiro lugar, folhas sem frutos são promessas que fracassam. Jesus não encontra frutos na figueira para matar sua fome. Chegou faminto e saiu faminto. A promessa de frutos era exuberante, mas a realidade dos frutos inexistente. Havia um abismo entre o que figueira demonstrava e o que de fato a figueira era. Mesmo à beira do caminho, gerando tantas expectativas e as mais santas, frustrava a todos. Sua mensagem aos transeuntes era propaganda enganosa. Suas promessas eram um consumado fracasso.
Em quarto lugar, folhas sem frutos desembocam em severo juízo. Mateus registra a palavra severa de Jesus à figueira: “Nunca mais nasça fruto de ti” (Mt 21.19). Marcos, de igual forma, registra: “Nunca jamais coma alguém fruto de ti!” (Mc 11.14). Imediatamente após a sentença de Jesus, a figueira secou e secou até à raiz (Mc 11.20). A maldição que caiu sobre aquela figueira foi permanecer como estava, sem frutos. O que Jesus fez, foi arrancar sua máscara e sentenciá-la a permanecer estéril. Jesus não amaldiçoou aquela figueira. Ela já era uma maldição. Não passava de uma consumada mentira.
Esse milagre operado por Jesus, demonstrando seu juízo à figueira estéril tinha o propósito de alertar a respeito da falsa espiritualidade de Israel e de seus líderes, que embora, ostentassem grande pompa religiosa, estavam desprovidos dos frutos da piedade. Esse milagre é um alerta para nós, ainda hoje. Jesus não se contenta com folhas, ele quer encontrar em nós frutos!
:: Hernandes Dias Lopes