Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César” (Fp 4.22).
Os planos humanos podem ser frustrados, os de Deus jamais. Paulo planejava chegar em Roma para ministrar àquela igreja e dali ser enviado à Espanha, mas ele chegou em Roma preso e algemado. Sua prisão, entretanto, não frustrou os planos de Deus. Paulo, compreendendo isso, declarou que, em virtude de sua prisão em Roma, três coisas aconteceram: a igreja foi mais encorajada a pregar, os membros da guarda pretoriana, a soldadesca de elite do imperador, tomou conhecimento de suas cadeias em Cristo e por estar com sua liberdade restringida, escreveu cartas às igrejas de Éfeso, Filipos e Colossos. E, ainda, escreveu uma carta a Filemom. Essas joias preciosas são textos canônicos, que têm abençoado o povo de Deus, ao longo dos séculos.
No final de sua carta aos Filipenses, Paulo faz uma saudação sucinta e menciona os santos da casa de César. Essa informação enseja-nos algumas preciosas lições:
Em primeiro lugar, não é o lugar que faz o homem, mas é o homem quem faz o lugar. Paulo não estava livre como planejava para fazer a obra de Deus. Mesmo preso, porém, entendeu que o plano de Deus estava em curso. Por isso, sempre compreendeu que era um embaixador em cadeias e um prisioneiro de Cristo. Ele transformou sua prisão em campo missionário. No tempo que permaneceu preso em Roma, em sua primeira prisão, por estar algemado a um soldado, em três turnos por dia, durante dois anos, evangelizou toda a guarda pretoriana, a guarda de escol do imperador romano. Eram dezesseis mil soldados da mais alta patente do império. Se Paulo estivesse solto, jamais teria alcançado essa elite militar de Roma. Longe do velho apóstolo ficar amargurado com a circunstância carrancuda, transformou-a numa promissora oportunidade para proclamar o evangelho, mesmo entre algemas.
Em segundo lugar, nenhum lugar ou pessoa está fora do alcance da graça de Deus. A casa de César era um antro de corrupção. Seu palácio era um reduto de intrigas e paixões infames. Nero era um homem devasso e violento. Sua crueldade levou-o a assassinar sua própria mãe. É nesse ambiente hostil que muitos serviçais do palácio foram convertidos a Cristo. É nesse deserto de virtudes, que o evangelho resgatou pessoas das gargantas do inferno. É nesse canteiro de malquerenças e devassidão moral que pessoas foram libertas, transformadas e salvas pela graça. O evangelho é o poder de Deus para salvar. Salva homens e mulheres, ricos e pobres, doutores e analfabetos, pessoas aplaudidas pela sociedade e também aquelas que estão mergulhadas no caudal da mais tosca e repugnante depravação moral.
Em terceiro lugar, não existem pessoas descartáveis para Deus. Na casa de César tinha eleitos de Deus, que foram chamados pelo evangelho, lavados no sangue do Cordeiro e transformados em novas criaturas. Não existem pessoas irrecuperáveis para Deus. Não existe lata de lixo no reino de Deus. Há santos na casa de César. Há convertidos a Cristo nos lugares mais improváveis da terra. A palavra de Deus é poderosa para vencer as maiores barreiras geográficas, linguísticas, culturais e raciais. O poder do evangelho vai além das possiblidades e probabilidades humanas.
Em quarto lugar, aqueles que são salvos por Cristo pertencem à única igreja verdadeira. Os santos da casa de César saúdam os irmãos de Filipos. Eles não se conheciam, mas faziam parte da mesma família. A geografia não podia separá-los. Hoje, estamos divididos em diferentes denominações religiosas. Mas, só existe uma igreja verdadeira. Esta é formada por todos aqueles que foram eleitos por Deus na eternidade, por quem Cristo morreu na cruz, que foram chamados pelo santo evangelho, creram no nome do unigênito Filho de Deus e foram selados com o Espírito Santo da promessa. Somos uma só igreja, um só rebanho, um só corpo!
Rev. Hernandes Dias Lopes